sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sempre que escrevo tenho dúvidas de pontuação em meus textos e poesias, até porque já ouvi algumas críticas a respeito. Tudo bem. Sigo. Acredito que a pontuação seja a maquiagem do texto. É quem lhe dá expressão. Então, às vezes, durante a leitura, perco-me nas delícias da pontuação. Mas as obras não compõem-se tão somente de sinais, não é por isso que as leio, mas alguns desses sinais, anoto. Há também algumas passagens que me dizem mais que as letras que absorvo. Vão além da simples leitura. Aí, me pergunto por que as anoto? Tudo bem, nem sempre respondo a meus questionamentos. As referências são como ingredientes para a consecução da boa receita. E como cozinhar não é meu forte, sigo mais os passos do meu coração. Deste modo, partilho com vocês um pouco do que mais gosto de fazer: Ler e escrever. É claro que não terá para vocês a mínima importância do que tenho lido ou deixado de ler. Nossa, preciso desligar esta maldita TV. Como alguém consegue viver com esta máquina de porcarias nos acompanhando? Há raras coisas boas e instrutivas para se ver, mas isso é matéria para outro post. O que tentava dizer a vocês é que todos deveriam ler o Altair. O conheci em 99, isto é, estive no lançamento de seu livro "Como se moesse Ferro" e o li assim que cheguei em casa. Hoje senti vontade de revisitá-lo. Voltar aos antigos livros me dá imenso prazer e os textos do Altair são construídos a partir de disfemismos. É impressionante. Ler o Altair é emputecer com a vida. Sua forma literária chama a atenção. É leitura de prender a respiração. Quando ele lançou seu livro, estava com 23 anos. Imagine, 23 anos e já escrevendo desse jeito. Muitos teriam que vir inúmeras vezes para fazer com o texto o que ele têm feito. Eu inclusive.
Tenho um misterioso fascínio por livros. Namoro com eles. Mordo suas orelhas. Os cheiro. Analiso cada pedacinho seu. Seu cheiro. Perfume de informação. De aprendizado. Gosto da criatividade das capas e pelas letras faço meu passeio. Aprecio as inovações. Há no livro do Altair à página 34 uma passagem expressa assim: Lombas, agora, são descidas. E. João. Abelardo. Desce. Com. Dificuldade. É GENIAL! É pura ousadia. Coisa de estudioso. Professor de Literatura em cursinho. O Altair é fera, sabes porquê? Ele escreve com convicção e audácia.

Uma passagem para se anotar:
É o saber que faz sofrer. Sofro ao ouvir, porque o ouvir desmorona o pensar que escancara o sofrer. Não existe "sofrer pouco", porque sofrer pouco só há para quem é feliz e este nem lembra o que é sofrer. E conclui: Pensar não é doença, é síndrome. Pensar é dor. Se nada sei, não sofro.

Há muita poesia entranhada na filosofia expressa no livro do Altair Martins.

Uma que achei interessante pela sua verossidade:

Fumar deixa a gente feliz porque evita o pensar. Talvez porque a fumaça sufoca o cérebro que abafado, cala. (deve ser por isso que há tantos fumantes por aí)

De sua obra apreciei demais: El espectro del sex-appeal e o premiado Humano mas o livro todo é fantástico e eu recomendo.

Um comentário:

Anônimo disse...

É... O Altair é genial.. Ele é capaz de carregar o leitor pra dentro do texto... Ele consegue fazer a pessoa sentir..