domingo, 29 de junho de 2008
Verso Por Minhas Portas
Aline me dá aulas da anatomia dos fêmures da alma: pantomima de lêmures.
Morfina do Efêmero: sozinho em Paris o Sena geme.
E abandona a volta ao mundo Julio Verne.
Ah! te amo tanto! Um átimo é pouco: Amo-te de menos a mais infinito.
Talvez te encantar seja o meu único oficio.
Tem vez que te encontrar é tão difícil...
Quem tem sangue fenício não fenece.
Quem ama, por princípio não tem pressa.
Quem chegou ao precipício faz a prece.
No aconchego do presépio, a voz dos pregos vou calar.
No lugar dos espinhos, um colar: de lírios, de lírios.
Corre em minha espinhal medula um calafrio morno, febril.
Espiritual quando cruza minha avenida radial
o elegante passo da musa.
Ricardo Rodrigues Jesus
Juro pelos Girassóis de Van Gogh
Juro pela Odisséia de Homero
Juro pelo Dom Quixote de Cervantes
Juro por tudo em que me ufano
Cosme Custódio
terça-feira, 24 de junho de 2008
23/06/2008 | Alfried Karl Plöger - Coletiva.net
Os benefícios da reforma ortográfica
Considerando que, dentre as cerca de 210 milhões de pessoas incluídas no universo dos oito países da lusofonia, a grande maioria — 190 milhões — vive no Brasil, entende-se o porquê de, mais cedo ou mais tarde, todas as nações de língua portuguesa ratificarem internamente as mudanças, aprovadas em 1990. Assim, foi natural, tanto quanto importante, a aprovação que acaba de ser dada pelos portugueses. Desencadeia-se, desse modo, o processo de mudança, que deverá, já em 2010, estar visível em livros e outras publicações. Internacionalmente, a reforma converte o idioma em língua oficial da Organização das Nações Unidas. Embora os portugueses, como legítimos donos da língua, tivessem resistido mais tempo às mudanças, a reforma terá impacto pequeno. Em seu país, as alterações atingem pouco mais de um por cento do total de palavras. É algo ínfimo ante os benefícios de ter um idioma reconhecido pela ONU. Afinal, é preciso entender que a ortografia-padrão facilitará sobremaneira o intercâmbio cultural, cuja principal mídia continua sendo a impressa. Livros de todos os segmentos — ficção, didáticos, paradidáticos e científicos —, documentos e escrituras internacionais, contratos comerciais e textos de todos os gêneros poderão circular livremente entre os países, sem necessidade de revisão. É o que já ocorre com o Espanhol. O ensino do Português também será padronizado.Como é fácil perceber, a reforma ortográfica terá sensível impacto na indústria gráfica. À medida que avance, milhões de exemplares de livros, dicionários, apostilas, manuais e jogos estarão desatualizados. Terão de ser reimpressos, criando uma previsível demanda extra bastante atraente para o setor. Os itens ligados à educação e cultura deverão ser os primeiros a passar novamente pelas impressoras, pois é fundamental que tenham de imediato a nova base ortográfica. A internacionalização também favorece muito o trabalho de pré-impressão, considerando que o fornecimento de serviços para um cliente de Portugal, por exemplo, não exigirá mais a adaptação ortográfica da digitalização dos textos e editoração eletrônica. Por mais puristas que sejamos quanto à língua portuguesa, é necessário compreender a importância e extensão da reforma ortográfica. A relação custo-benefício da mudança deverá acabar prevalecendo, até porque a nova ortografia não impedirá a espontânea e inevitável evolução regional da língua, um elemento vivo e sensível às peculiaridades culturais, políticas e socioeconômicas de cada país. A indústria gráfica, não só pela questão mercadológica, como pela responsabilidade intrínseca a um setor integrante da cadeia produtiva da comunicação, está-se preparando adequadamente para as mudanças, contribuindo, também, para a sua ampla e correta difusão.
Alfried Karl Plöger é o presidente eleito da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e vice-presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas)